Por intermédio do GAECO, MP-AM investigará mortes junto de força-tarefa

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O Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM), por intermédio do  Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), vai investigar os 37 assassinatos ocorridos em Manaus, entre a sexta-feira passada e a madrugada desta segunda-feira e, ainda, as tentativas de homicídio. O Procurador-Geral de Justiça Carlos Fábio Braga Monteiro, acionou, nas primeiras horas da manhã de ontem, a Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas (SSP-AM) e conversou com o Secretário Sérgio Fontes. Eles acordaram que o GAECO, coordenado pelo Procurador de Justiça Mauro Veras Bezerra, atuará em uma força-tarefa formada pela SSP-AM para identificar e responsabilizar os autores de todos os crimes.

O PGJ informou ainda que a escolha do GAECO se deve ao indício de envolvimento do crime organizado nas execuções, mas assegurou que reunirá com os três Promotores de Justiça que atuam junto ao Tribunal do Júri Popular, onde são investigados e julgados os crimes contra vida, e os dois titulares das duas Promotorias de Justiça Especializadas no Controle Externo da Atividade Policial (PROCEAPs). “Há duas linhas de investigação. Uma delas de que os crimes são resultados de uma guerra entre facções criminosas que atuam, principalmente, no tráfico de drogas. A outra é de que os crimes estão relacionados com a morte de um sargento da Polícia Militar durante um assalto na sexta-feira e que PMs teriam atuado no sentido de vingar a morte do colega. Não podemos descartar nenhuma das hipóteses”, afirmou  Doutor Fábio Monteiro.

Conforme o Procurador-Geral, há ainda a hipótese de que os primeiros crimes, ocorridos entre a sexta-feira passada e a madrugada de sábado, foram cometidos por um grupo de policiais militares que teriam agido por vingança pela morte do Sargento Afonso Camacho Dias, durante um assalto, no estacionamento de uma agência bancária localizada no bairro Educandos, na Zona Sul de Manaus, e que os demais crimes teriam relações com guerra entre facções criminosas. “Os crimes que vieram depois, inclusive os ocorridos hoje, seriam resultado de uma guerra entre facções criminosas que atuam no Amazonas, e que os seus líderes teriam aproveitado para executar inimigos seguindo a onda de crimes que podem ter sido cometidos por policiais”, ponderou o PGJ.

A ideia de se trabalhar com uma força-tarefa, que, pela SSP terá a coordenação do Delegado da Polícia Federal, Leandro Almada, que atua como Corregedor Geral da SSP, conforme o Procurador-Geral, é para unificar as investigações e não realizá-las de forma isolada, com cada instituição trabalhando o mesmo fato, de forma independente; para facilitar, ainda, a troca de informações e o acompanhamento das investigações pelo Ministério Público. O PGJ disse que é preciso que o Estado mostre que não há situação alguma fora do controle, diante da união das instituições. “Me recuso a acreditar, por exemplo, que as unidades prisionais do Amazonas são comandadas por facções. Mas é estranha a hipótese de que as facções estejam se enfrentando entre si se os líderes delas estão na cadeia. Estão dando ordem para matar de dentro das cadeias?”, questionou o doutor Fábio Monteiro, que disse ainda que o Secretário de Administração Penitenciária tem de ser chamado para que se saiba de que forma os líderes deram ordens para executar pessoas fora da cadeia.

Possível envolvimento de policiais

O Procurador-Geral de Justiça Carlos Fábio Braga Monteiro disse que é inadmissível que haja o envolvimento de policiais nas mortes ocorridas no final de semana. “A Polícia é o braço armado do Estado. É inadmissível a morte do sargento? Sim! É inadmissível! É absurdo! Mas, não é por causa disso que a lei será manipulada para que um grupo busque fazer Justiça com as próprias mãos. Não vamos admitir! Um crime não pode ser pago com outro crime”, declarou o PGJ.

Para o Procurador-Geral, não existe um grupo de extermínio dentro da Polícia Militar e que está atuando em Manaus, como já ocorreu em outros tempos. “Não dá pra se afirmar que há PMs envolvidos nesses crimes. Ainda é cedo. Mas se houver, o que deve ter é um grupo que se formou, diante de um fato específico, e saiu para cometer essas execuções. Mas grupo composto para planejar mortes e executar, não acredito”, afirmou o Procurador-Geral.

Facções e RDD para líderes

O Procurador-Geral de Justiça disse que, em uma ação conjunta de instituições, o Estado tem como retomar a ordem, se está, em algum momento foi abalada, e devolver, à população, a segurança e a confiança no Estado. Com a união entre Ministério Público, Tribunal de Justiça do Amazonas, as Polícias Civil e Militar, a SSP-AM, entre outros órgãos e instituições, é possível frear as facções. “Podemos, por exemplo, fazer a transferências de líderes para fora do Estado. Aliás, podemos aplicar o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) no Amazonas, de uma forma contundente”, disse Doutor Fábio Monteiro.