Saúde Pública: MP-AM e MPF ouvem autoridades e população sobre reordenamento

 

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Representantes de entidades da área de saúde, da sociedade civil organizada e líderes comunitários em Manaus lotaram nesta terça-feira, 21 de junho, o auditório Carlos Alberto Bandeira de Araújo, na sede do Ministério Público do Amazonas, para ouvir a exposição de autoridades responsáveis pelo reordenamento da rede pública estadual de saúde na capital.

 

Segundo o Procurador-Geral de Justiça Fábio Monteiro, que abriu os trabalhos da audiência, o evento foi extremamente salutar para esclarecer dúvidas da população. “O Governador já esteve aqui na sede do MP-AM, prestou os devidos esclarecimentos aos Procuradores de Justiça e essa audiência teve um alcance imenso para que as instituições façam sugestões, a Susam faça os devidos esclarecimentos e também a própria população tenha as dúvidas e questionamentos esclarecidos”, afirmou o PGJ.

O plano final do reordenamento da saúde pública em Manaus deve ser apresentado à população antes da implementação efetiva das medidas. A deliberação foi um dos encaminhamentos da audiência pública realizada pelos ministérios públicos Estadual (MP-AM) e Federal (MPF) . Cerca de 300 pessoas participaram do evento, promovido para debater as medidas de reordenamento da saúde na capital, anunciadas pela administração estadual como forma de enfrentamento à crise econômica.

 

A Procuradora Regional dos Direitos do Cidadão, Bruna Menezes, explicou que a audiência pública foi uma das etapas da atuação do MPF e do MP-AM relativa ao direito à saúde. Desde que as medidas de reordenamento foram anunciadas, as instituições têm intensificado as reuniões e contatos com representantes do governo estadual e de associações ligadas ao tema para acompanhar o processo e garantir que a população não seja prejudicada com redução do atendimento. “A atuação do MPF na saúde é constitucional e tudo o que foi discutido integrará a base de um trabalho que não se esgota aqui, é contínuo”, disse a Procuradora.

Durante o debate, os secretários estaduais de Fazenda, Thomaz Nogueira, e de Saúde, Pedro Elias, expuseram números que demonstram a queda de arrecadação do Estado nos últimos meses e as estatísticas dos atendimentos de baixa complexidade realizados nas unidades de alta complexidade, que encarecem os custos da saúde pública. Eles alegaram que outras medidas administrativas como revisão de contratos e enxugamento de estrutura administrativa foram adotadas, porém não foram suficientes para garantir o equilíbrio das contas públicas e o pagamento dos salários dos servidores da saúde.

 

Municipalização da atenção básica 

 

A retomada progressiva da saúde básica pelo Município de Manaus também foi apresentada, ao final da audiência, como encaminhamento necessário para adequar a oferta de serviços de saúde ao previsto na legislação do Sistema Único de Saúde (SUS).

O secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão, destacou que somente 21,7% do orçamento da saúde municipal vem dos repasses do SUS, o que dificulta o investimento na ampliação dos serviços oferecidos à população. “Não há como melhorar a atenção básica sem novas estruturas. É desleal destinar volume insuficiente de recursos para os municípios e responsabilizar as secretarias de Saúde pelas dificuldades no atendimento”, afirmou.

A transformação dos Centros de Atenção Integrada à Criança (Caics) e ao Idoso (Caimis) em unidades básicas de saúde, um dos pontos apresentados como proposta do governo no reordenamento, recebeu muitas críticas dos participantes da audiência. Representantes do governo estadual informaram que realizarão reuniões temáticas com as equipes destas unidades especializadas para discutir alternativas para garantir o atendimento prioritário e humanizado à criança e ao idoso nas unidades que absorverão estas demandas.

O MP-AM e o MPF anunciaram que conduzirão tratativas com os governos estadual e municipal para efetivar a retomada do atendimento básico pelo Município e continuarão o acompanhamento do reordenamento proposto pelo Estado. “Enquanto houver uma única unidade a ser remodelada, iremos atuar, acompanhar e fiscalizar até o último minuto para garantir a manutenção do atendimento, mesmo que tenhamos de recorrer à Justiça”, assegurou a Promotora de Justiça Cláudia Câmara.