MP-AM investiga irregularidades em hospital público

As Promotorias de Justiça do Ministério Público do Estado do Amazonas Especializadas na Proteção e Defesa dos Direitos Constitucionais do Cidadão, a 55ª, 56ª e 57ª PRODEDIC, estão investigando denúncias de irregularidades na prestação de serviços hospitalares no Hospital e Pronto Socorro Dr. João Lúcio Pereira Machado, localizado na Alameda Cosme Ferreira, bairro do São José, em Manaus. Segundo o Promotor de Justiça Mirtil Fernandes do Vale (56ª PRODEDIC), o MP-AM recebe regularmente diversas denúncias contra o Hospital, dentre elas, sobre a escassez de recursos humanos de enfermagem e equipamentos suficientes para atender aos pacientes.

Segundo o Promotor, após a finalização de um estudo detalhado feito no Pronto Socorro pelo Conselho Regional de Enfermagem, onde foram constatadas deficiências em recursos humanos, o MP-AM ingressou em 20 de agosto de 2010 com uma Ação Civil Pública contra o Estado do Amazonas, para que fossem tomadas medidas de curto, médio e longo prazo. A Ação proposta foi para 3ª Vara da Fazenda Pública Estadual sob a numeração 0240764-10.2010.8.04.0001. Caso as obrigações não sejam cumpridas o Governo pagaria uma multa de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) ao dia. Durante as visitas do MP-AM ao João Lúcio, também foi constatada a presença de pacientes nos corredores do hospital, em atendimento.

Dentre os pedidos ministeriais formulados ao Estado estavam a regularização da atividade profissional dentro do Hospital, por meio da convocação de candidatos aprovados em Concurso Público de 2005 para cargos de enfermagem e a substituição gradativa de servidores temporários, voluntários e os contratados sob regime de direito administrativo; manutenção de equipamentos essenciais à prestação de serviços; aquisição de recursos materiais de UTIs suficientes; melhorias nas condições ambientais das enfermarias; construção de salas individuais de nebulização; aquisição de novos colchões, lençóis, travesseiros, batas e leitos com grades laterais; e ainda melhorias na segurança do local. O Estado também deverá comprar novas ambulâncias e veículos para a área administrativa, e em um ano, instaurar novo concurso público para servidores, caso não seja suficiente o número de candidatos selecionados aprovados no concurso de 2005.

O MP-AM fez novas inspeções no Centro Cirúrgico do hospital João Lúcio em novembro de 2010, constatando irregularidades em salas não utilizadas por ocorrência de goteiras e problemas na rede de gás.

Em abril de 2010 houve nova inspeção. Novas deficiências foram constatadas nos procedimentos neurocirúrgicos de angiografia e embolização devido a problemas no equipamento do Hospital Universitário Francisca Mendes, ocorrendo transferência dos pacientes para o Hospital João Lúcio, sobrecarregando o mesmo e agravando a questão. O MP-AM verificou que existiam máquinas de angiografia e embolização em boas condições no Hospital João Lúcio, e constatou-se que havia necessidade de equipamentos de neurocirurgia e que os mesmos existiam no Hospital Pronto Socorro 28 Agosto sem devido uso, o que motivou o MP a solicitar da Secretaria de Estado de Saúde, SUSAM, a transferência de caixas de neurocirurgias para o Hospital João Lúcio. O Estado do Amazonas, no dia 10 de maio de 2011, protocolou no Fórum Henoch Reis contestando à ação do MP.

Na última segunda-feira, 16 de maio, os Promotores Mirtil Fernandes e Guiomar Felícia, 56ª e 55ª, fizeram nova visita ao João Lúcio, identificando irregularidades como leitos inutilizados por gotejamento e falta de sala anti-câmara e equipamentos inoperantes com mais de 15 meses sem manutenção. Verificou-se que todos os procedimentos de embolização e angiografia que estavam pendentes foram realizados. Novamente, a equipe encontrou pacientes nos corredores, decorrentes de falhas no sistema de saúde estadual e municipal, principalmente este último, por ter várias unidades fechadas e em reforma, aumentando a demanda de hospitais de grande porte como o João Lúcio.

O Promotor Mirtil Fernandes declarou que nas visitas ministeriais ficou constatado também o baixo número de técnicos de enfermagem para atender a demanda. "Lá no João Lúcio, os 21 técnicos de enfermagem contratados temporariamente pela SUSAM não atendem a demanda da unidade de saúde. Há a necessidade de contratação de mais de 150 técnicos para o João Lúcio".