Assédio no trabalho pauta palestra no MP do Amazonas
- Publicado: Terça, 20 Mai 2025 17:22
Encontro conduzido por juíza do Trabalho discute gênero, estereótipos e desafios no enfrentamento à violência nas relações de trabalho
“É impossível falar de violência ou assédio moral e sexual sem falar dos marcadores de gênero e raça”. A fala da juíza do Trabalho substituta Larissa de Souza Carril foi um dos pontos altos da palestra promovida pelo Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM), como parte da campanha Maio Laranja. Com o tema “Assédio Moral e Sexual nas Relações de Trabalho”, o evento foi realizado no auditório Gebes Medeiros, na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, reunindo membros, servidores, estagiários e residentes do órgão.
A iniciativa foi promovida pela Comissão de Prevenção a Situações de Risco à Saúde Mental (CPSRSM) e pela Comissão Permanente de Prevenção e Enfrentamento ao Assédio Moral e Sexual, Discriminação e Racismo, com o apoio do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (Ceaf). O objetivo foi ampliar o debate sobre saúde mental e segurança no ambiente de trabalho, com foco na prevenção e no enfrentamento ao assédio moral e sexual.
Ao longo da palestra, a juíza abordou temas como a cultura de normalização da violência, microagressões, estereótipos e tecnologias de gênero, além dos diferentes tipos de assédio presentes nas relações laborais. Ela também apresentou dados estatísticos sobre a realidade das mulheres no Estado do Amazonas.
“Estamos normalizando a violência. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Amazonas está entre os estados que mais matam mulheres. No entanto, quando se pergunta à população se o estado é machista, a maioria responde que não. Isso revela uma desconexão entre os dados e a percepção social, o que reforça essa cultura de normalização”, pontuou a juíza.
A palestrante também compartilhou experiências vivenciadas como juíza na Justiça do Trabalho, destacando o agravamento das denúncias recebidas nos últimos anos. “Antes, falávamos em assédio moral vinculado a metas abusivas. Hoje, lidamos com casos de agressão física e até estupro no ambiente de trabalho. Isso reflete uma sociedade que precisa, com urgência, repensar suas estruturas e comportamentos”, declarou.
Por meio de despacho, a procuradora-geral de Justiça do MPAM, Leda Mara Albuquerque, destacou a importância de ações como essa para a construção de ambientes de trabalho saudáveis e respeitosos. Segundo a PGJ, é dever da administração superior incentivar espaços inclusivos e comprometidos com os direitos fundamentais de seus agentes públicos, por meio da adoção contínua de medidas de prevenção ao assédio e à discriminação institucional.
A palestra fez parte da programação do Maio Laranja, mês dedicado à conscientização e ao enfrentamento do abuso e da exploração sexual infantil no Brasil.
Texto: Sharline Freire
Foto: Elvis Chaves