MPAM apura encaminhamento irregular de pacientes de planos de saúde para tratamento na rede pública

250825 IC tratamento pacientes operadoras SUS Valdo Leão Secom 2 5a100

Denúncias apontam que transferências de pacientes por operadoras privadas para o SUS têm sobrecarregado hospitais públicos

Planos de saúde que estariam transferindo pacientes para a realização de procedimentos de alto custo na rede pública do Amazonas são alvo de investigação do Ministério Público do Estado do Amazonas (MPAM). A apuração foi instaurada pela 58ª Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos à Saúde Pública (PRODHSP), após hospitais como a Fundação Centro de Controle de Oncologia (FCecon) e a Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) relatarem aumento expressivo desse tipo de atendimento.

Segundo o Inquérito Civil nº 0600.2025.58, há indícios de que operadoras de planos privados estariam se omitindo de prestar cobertura obrigatória, transferindo a responsabilidade para o Sistema Único de Saúde (SUS). Essa prática, além de onerar os cofres públicos, compromete a oferta de serviços para pacientes que dependem exclusivamente da rede pública.

No curso da investigação, conduzida pela promotora de Justiça Luissandra Chíxaro de Menezes, a 58ª PRODHSP solicitou informações detalhadas à FCecon, ao Hemoam e à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), a fim de identificar os casos em que houve negativa de cobertura assistencial por parte dos planos de saúde.

Ainda de acordo com o inquérito civil, o objetivo é verificar se há negativa de cobertura ou descumprimento contratual por parte das operadoras, transferindo ao SUS a responsabilidade por procedimentos que deveriam ser assegurados pela saúde suplementar.

Também foram oficiados a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e o Conselho Regional de Medicina do Amazonas (CRM-AM), órgãos responsáveis por fiscalizar e regulamentar a atuação das operadoras e dos profissionais de saúde. A coleta de informações permitirá identificar a extensão do problema e, a partir disso, adotar providências cabíveis para garantir que os direitos dos pacientes sejam respeitados e que o sistema público de saúde não seja sobrecarregado por condutas indevidas das operadoras privadas.


Texto: Sofia Lourenço
Foto: Valdo Leão/Secom